segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"...Bota no copo que a caneca tá furada..."

Irmãos, ao falarmos sobre o uso de bebidas alcoólicas abrimos um leque de abordagens muito amplo e, em virtude disso, muitas divergências haverão. Respeitando toda a diversidade de linhas de pensamento dos sacerdotes, diretores espirituais, pais de santo, entre outras denominações, apresentaremos nosso ponto de vista sobre o uso do álcool em sessões.
Ao citar o tema do uso do álcool nos terreiros, grande maioria das pessoas já pensa nos “Exus”. Pois bem, vamos considerar, nesta pequena abordagem, estas Entidades para começo de conversa. Muitos dos senhores (as) já devem ter ouvido as seguintes afirmações em sessões de “Exus”:
“Nossa, aquele Exu é forte mesmo. Virou uma garrafa de marafa e nem bêbado ficou!”
“Exu que não bebe marafa numa sessão não é Exu”
“Bebe um pouco de marafa que o teu Exu tá pedindo”
“A Entidade bebe para após girar bastante e os teores etílicos sairem do corpo do médium e eliminar as cargas negativas do ambiente”
“Beba um golinho de marafa para tu ires sintonizando com o Compadre ou Comadre”
Todas estas afirmações, sob nosso ponto de vista, são erradas. O médium é um elemento que faz parte do processo de incorporação. É uma parte ativa, seja consciente, semi-consciente ou inconsciente (minoria). Logo, quando no processo de incorporação o corpo físico do médium ingere muito álcool, a parte física irá se ressentir. Por mínimo que seja, algum resquício irá ficar.
O efeito do álcool faz que a pessoa fique mais relaxada, basta lembrarmos quando tomamos uma cerveja com os amigos. Por isto, algumas pessoas sentem-se melhor para trabalhar com os Compadres quando, em processo de incorporação, há consumo de bebidas alcoólicas. Na verdade, o médium sente-se mais relaxado enganando-se que o transe mediúnico esta fluindo melhor. Aqui, mais uma vez alertamos quando o médium “incorporado” começa a ingestão de álcool: ele está abrindo uma porta para que espíritos inferiores se aproximem e comecem a atuar em processos de mistificação e animismo no médium. Lembramos que espíritos desencarnados e menos evoluídos que ainda estão apegados aos vícios terrenos se aproximam de locais onde há um consumo de álcool desrregrado, como vemos em algumas sessões por ai.
Tendo isto colocado, entenda o irmão o perigo que estamos correndo e proporcionando para quem chega aos terreiros, quando liberamos o consumo de álcool para as Entidades, ou seja, abrimos uma porta para a mistificação, além de denegrir a imagem da religião, quando atitudes de falta de conduta moral começam a acontecer em virtude do efeito alcóolico.
A força de um Exu, Pomba-Gira ou seja qual for a Entidade que for, não se dá pela quantidade de bebida que bebe ou outras peripécias que venha fazer, mas sim pela evolução espiritual e pela obra que executa.
A Entidade não precisa ingerir bebida alcóolica para dissipar as energias negativas. Estas podem ser dissipadas, entre outras formas, pelas defesas do terreiro. A fumaça dos charutos, cigarros, etc... servem para eliminar os cascões espirituais.
Nossa posição é de que a bebida alcoólica deve ser usada em determinados momentos onde se execute uma operação mágica onde o elemento álcool deva ser empregado. Veja o termo que usamos: operações mágicas. Nem nestas operações estamos afirmando que a Entidade precise consumir o álcool. Aos Compadres podemos oferecer água. No caso dos Preto-Velhos vale o mesmo princípio: em vez de vinho oferecemos água, suco de uva ou refrigerante de uva, sendo que o vinho será utilizado em processos magísticos especiais.
Em decorrência dos perigos de mistificação e animismo torna-se coerente adotarmos atitudes preventivas como as quais estamos citando, pois todo o médium está sendo constantemente colocado a provas.
Finalizo lembrando um “dito” que li na Revista Espiritual de Umbanda que um médium incorporado pelo, se não me falha a memória, Exu Tranca Ruas fez:
“Se eu (Tranca Ruas) quisesse chegar para ficar bebendo
eu não chegaria num terreiro mas sim num bar”
fica como reflexão este dito.
Saravá!
Pai Leal de Ogum