quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Maria Mulambo e seu Trabalho

É muito comum vermos pelas ruas pessoas que dormem debaixo de pontes, em bancos de praça, vivem de esmolas, maltrapilhos e sem perspectiva de vida. Para eles não existe futuro ou melhor dizendo, o futuro para eles é a hora da próxima refeição. Se vão tê-la ou não. Mais comum ainda entre estas pessoas são a presença de vícios como álcool, drogas, além de furtos e outras coisas. Porém, esta situação não quer dizer que entre os "mulambos" não existeste honestidade. Pode até existir, só que a luta pela sobrevivência acaba jogando os mesmos, em boa parcela, para os vícios citados. Este ambiente, sem perspectiva de melhora, vicioso, sem fé, ou seja, totalmente negativo, é um verdadeiro "adubo" para as práticas da ação das sombras. Facilmente, os espíritos sombrios se aproximam destes "mulambos" para extrair a energia negativa produzida pelos pensamentos desordenados e viciosos destas pessoas. Essa energia é usada para experimentos das so0mbras nos laboratórios deste povo negativo. Para atuar ajudando estas pessoas que estão sendo obsediadas dois Guardiões desenvolveram suas habilidades neste campo para brecar a ação sombria. Estes Guardiões são o Exu Mulambo e a Pomba-Gira Mulambo. No caso da Maria Mulambo, ela trabalha mais com o lado feminino destes "mulambos". Guardando o princípio do livre arbítrio Maria Mulambo trabalha, na maioria das vezes, um bom período com cada indivíduo ajudando a largar os vícios que o mesmo se encontra. Por um trabalho que não basta só retirar do vício, mas dar uma oportunidade para que o indivíduo passe a ter condições mais dignas de viver, que Maria Mulambo acaba trabalhando a idéia de assistência social, naquelas pessoas de posse. Isto para que estas venham oportunizar condições de vida mais dignas aos "mulambos". Se o irmão pensar então, que toda a ação social estará presente o Exu Mulambo e a Pomba-Gira Maria Mulambo, digo que o irmão está certo, no entanto não só eles estarão presentes, como também outras Entidades, como os Caboclos e Pretos-Velhos. Neste caso, são o Exu e a Pomba-Gira Mulambo que apontam os caminhos para a qual a ação social deve ser direcionada. Este trabalho realizado por estes dois Guardiões é constantemente auxiliado pelos Guardiões Morcego e a falange das Cobras, para eliminar as toxinas viciosas, bem como de processos de obsessão. Nestes casos em questão, as obsessões geralmente não são as mais complexas, no entantocaso haja uma complexibilidade maior, Exu Mulambo e Maria Mulambo saberão trabalhar. A simbologia astral do nome Mulambo se dá pelo campo de trabalho destes dois Guardiões, ou seja, com pessoas jogadas nas ruas, sem teto para morar, que reviram o lixo atrás de comida. Por isto, a analogia destes dois Guardiões com o lixo. Por que o círculo de pessoas cuidadas por estes Guardiões, muitas vezes, encontra-se no lixo a busca de comida. Tanto a Guardiã Mulambo e o Guardião Mulambo são muito utilizados nas limpezas de corpo (seja de uma pessoa encarnada ou de uma recém desencarnada) e das casas para retirar o lixo astral. Neste caso, estes Guardiões tem um trabalho próximo com os Guardiões da Calunga. Poderíamos numa frase sintetizar esta nobre função: "limpeza é com o Guardião e Guardiã Mulambo". Embora nos terreiros seja mais comum vermos a Pomba-Gira Mulambo, estes dois Guardiões gostam muito de dar consultas. Em seus ditos gostam muito de enfatizar a questão da humildade.
Esperamos que tenham gostado destas explicações.
Saravá!
Pai Alexandre de Ogum e Pai Leal de Ogum

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"...Bota no copo que a caneca tá furada..."

Irmãos, ao falarmos sobre o uso de bebidas alcoólicas abrimos um leque de abordagens muito amplo e, em virtude disso, muitas divergências haverão. Respeitando toda a diversidade de linhas de pensamento dos sacerdotes, diretores espirituais, pais de santo, entre outras denominações, apresentaremos nosso ponto de vista sobre o uso do álcool em sessões.
Ao citar o tema do uso do álcool nos terreiros, grande maioria das pessoas já pensa nos “Exus”. Pois bem, vamos considerar, nesta pequena abordagem, estas Entidades para começo de conversa. Muitos dos senhores (as) já devem ter ouvido as seguintes afirmações em sessões de “Exus”:
“Nossa, aquele Exu é forte mesmo. Virou uma garrafa de marafa e nem bêbado ficou!”
“Exu que não bebe marafa numa sessão não é Exu”
“Bebe um pouco de marafa que o teu Exu tá pedindo”
“A Entidade bebe para após girar bastante e os teores etílicos sairem do corpo do médium e eliminar as cargas negativas do ambiente”
“Beba um golinho de marafa para tu ires sintonizando com o Compadre ou Comadre”
Todas estas afirmações, sob nosso ponto de vista, são erradas. O médium é um elemento que faz parte do processo de incorporação. É uma parte ativa, seja consciente, semi-consciente ou inconsciente (minoria). Logo, quando no processo de incorporação o corpo físico do médium ingere muito álcool, a parte física irá se ressentir. Por mínimo que seja, algum resquício irá ficar.
O efeito do álcool faz que a pessoa fique mais relaxada, basta lembrarmos quando tomamos uma cerveja com os amigos. Por isto, algumas pessoas sentem-se melhor para trabalhar com os Compadres quando, em processo de incorporação, há consumo de bebidas alcoólicas. Na verdade, o médium sente-se mais relaxado enganando-se que o transe mediúnico esta fluindo melhor. Aqui, mais uma vez alertamos quando o médium “incorporado” começa a ingestão de álcool: ele está abrindo uma porta para que espíritos inferiores se aproximem e comecem a atuar em processos de mistificação e animismo no médium. Lembramos que espíritos desencarnados e menos evoluídos que ainda estão apegados aos vícios terrenos se aproximam de locais onde há um consumo de álcool desrregrado, como vemos em algumas sessões por ai.
Tendo isto colocado, entenda o irmão o perigo que estamos correndo e proporcionando para quem chega aos terreiros, quando liberamos o consumo de álcool para as Entidades, ou seja, abrimos uma porta para a mistificação, além de denegrir a imagem da religião, quando atitudes de falta de conduta moral começam a acontecer em virtude do efeito alcóolico.
A força de um Exu, Pomba-Gira ou seja qual for a Entidade que for, não se dá pela quantidade de bebida que bebe ou outras peripécias que venha fazer, mas sim pela evolução espiritual e pela obra que executa.
A Entidade não precisa ingerir bebida alcóolica para dissipar as energias negativas. Estas podem ser dissipadas, entre outras formas, pelas defesas do terreiro. A fumaça dos charutos, cigarros, etc... servem para eliminar os cascões espirituais.
Nossa posição é de que a bebida alcoólica deve ser usada em determinados momentos onde se execute uma operação mágica onde o elemento álcool deva ser empregado. Veja o termo que usamos: operações mágicas. Nem nestas operações estamos afirmando que a Entidade precise consumir o álcool. Aos Compadres podemos oferecer água. No caso dos Preto-Velhos vale o mesmo princípio: em vez de vinho oferecemos água, suco de uva ou refrigerante de uva, sendo que o vinho será utilizado em processos magísticos especiais.
Em decorrência dos perigos de mistificação e animismo torna-se coerente adotarmos atitudes preventivas como as quais estamos citando, pois todo o médium está sendo constantemente colocado a provas.
Finalizo lembrando um “dito” que li na Revista Espiritual de Umbanda que um médium incorporado pelo, se não me falha a memória, Exu Tranca Ruas fez:
“Se eu (Tranca Ruas) quisesse chegar para ficar bebendo
eu não chegaria num terreiro mas sim num bar”
fica como reflexão este dito.
Saravá!
Pai Leal de Ogum